Política

Lula e os ditadores: política externa de cumplicidades

11 MAI 2025

A recente presença de Lula na Rússia ao lado de Vladimir Putin e outros autocratas escancara uma constante incômoda da política externa lulista: a proximidade sistemática com ditadores.

Enquanto democracias liberais enfrentam regimes autoritários em defesa de liberdades fundamentais, o presidente brasileiro insiste em caminhar na contramão, relativizando ditaduras em nome de um suposto equilíbrio multipolar. Deve ser o que ele considera “democracia relativa”.


Na cerimônia militar em Moscou, Lula se sentou entre líderes acusados de crimes contra a humanidade, repressão política e manipulação eleitoral. A participação neste tipo de evento, em plena guerra na Ucrânia, é um gesto simbólico potente: o Brasil parece estender a mão a quem bombardeia civis e persegue opositores.


Mas esse não é um episódio isolado. O histórico de Lula é extenso. No passado, ele exaltou Fidel Castro como “o maior de todos os latino-americanos”, ignorando décadas de repressão e censura em Cuba. Teceu elogios rasgados a Hugo Chávez, mesmo diante da erosão institucional e da perseguição a jornalistas e opositores na Venezuela.

Em 2010, chegou a defender publicamente o ditador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, dizendo que “não se pode julgar o que acontece no Irã com os olhos do Ocidente”.


Lula também estreitou laços com Muammar Kadafi na Líbia, posando ao lado do ditador em 2003 sob o discurso da aproximação África-América Latina. O mesmo se repetiu com líderes autoritários em países africanos, onde contratos e cooperação econômica se sobrepuseram a qualquer cobrança sobre direitos humanos ou democracia.

O “contato diplomático” com o regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, que persegue padres, fecha igrejas e prende adversários, foi marcado pela omissão e pelo silêncio cúmplice do governo brasileiro.


O que choca ainda mais é o contraste entre essa condescendência com ditaduras e a dureza seletiva adotada por Lula contra Israel. Diante do ataque brutal promovido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, quando mais de 1,2 mil israelenses foram assassinados, inclusive mulheres estupradas, famílias inteiras queimadas vivas, e mais de 200 pessoas sequestradas, incluindo crianças e idosos, o presidente brasileiro escolheu não a solidariedade, mas a crítica. Chegou ao ponto de comparar a resposta de Israel ao genocídio, equiparando a defesa de um país democrático ao extermínio deliberado, ignorando a origem do conflito e os crimes bárbaros cometidos pelo Hamas, que ainda mantém reféns civis em cativeiro.

Essa postura revela um duplo padrão moral inaceitável: complacência com ditadores e rigidez seletiva com democracias em guerra contra o terrorismo. 

Trata-se de uma política externa onde a defesa da soberania serve como escudo para ignorar violações flagrantes. Ao insistir em colocar democracias e ditaduras no mesmo patamar, Lula enfraquece o compromisso do Brasil com os valores democráticos e mancha a imagem internacional do país.


Neutralidade é diferente de ambiguidade moral. O mundo observa, e o Brasil, ao lado dos ditadores, escolhe o lugar errado na história.


Autor(a): BZN



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