10 MAI 2025
A viagem do presidente Lula da Silva ao Japão, em março, trouxe de volta um velho debate: o tamanho, e o custo, das comitivas presidenciais. Segundo o Estadão, o LulaTour mobilizou 220 pessoas e custou aos cofres públicos cerca de R$ 4,5 milhões.
Entre os integrantes estava a primeira-dama Janja, cuja presença e participação nas agendas internacionais tem provocado críticas por parte de parlamentares e da sociedade civil.
Embora o Palácio do Planalto tenha se apressado em afirmar que a viagem de Janja não gerou custos adicionais, argumentando que ela se hospedou na embaixada brasileira em Tóquio e que não recebe diárias por não ocupar cargo público, os números e os precedentes colocam essa justificativa sob suspeita.
A primeira-dama viajou uma semana antes do presidente, liderando a chamada equipe precursora, e participou de eventos relacionados à Expo Osaka e de encontros diplomáticos ao lado de Lula.
O problema não é apenas simbólico. O staff que acompanha Janja tem custado aos cofres públicos aproximadamente R$ 1,9 milhão por ano, segundo levantamento da imprensa. São assessores, fotógrafos e uma estrutura de apoio que, mesmo sem um cargo formal, colocam a primeira-dama em posição de influência política e institucional, mas sem as devidas obrigações de transparência que exigiriam controle e prestação de contas mais rigorosos.
Mais do que o valor isolado, a situação escancara a falta de critérios claros para a definição das comitivas oficiais. Num momento em que o governo argumenta dificuldades orçamentárias para áreas sensíveis como saúde e segurança, a decisão de levar mais de duas centenas de pessoas a um único compromisso internacional expõe um descompasso entre o discurso e a prática. A presença de Janja e seu grupo reforça a percepção de que há um uso político da máquina pública que escapa ao escrutínio da população, e das instituições de controle.
Não se trata de demonizar a diplomacia presidencial, fundamental para o reposicionamento internacional do Brasil, mas de exigir proporcionalidade e responsabilidade com o dinheiro público. A primeira-dama pode e deve participar de agendas institucionais, desde que o faça com regras claras, transparência nos gastos e limites que respeitem o papel institucional que, por lei, ela não ocupa.
Enquanto isso, em Brasília, aumentam os pedidos de esclarecimento no Congresso. A oposição cobra explicações sobre os critérios para a formação de comitivas presidenciais e os reais custos envolvidos. E a pergunta que fica no ar é simples: se até uma viagem da primeira-dama gera controvérsias, o que mais está sendo feito, e pago, à sombra da estrutura palaciana?
Autor(a): BZN
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