05 MAI 2025
A cada grande evento na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, surgem manchetes com números impressionantes de público. O show de Rod Stewart, em 1994, entrou no livro dos recordes como o maior da história, com 3,5 milhões de pessoas. Madonna e os Rolling Stones também teriam reunido de 1 milhão a 2 milhões na areia. Agora, as estimativas do show de Lady Gaga são de 2,1 milhões. Mas afinal: é possível caber tanta gente nas areias de Copacabana?
A matemática da areia
Pesquisamos na IA sobre capacidade na Praia de Copacabana. A projeção é de que a faixa de areia tem cerca de 4,15 km de extensão e uma largura média entre 100 e 150 metros. Isso resulta numa área útil aproximada de 518 mil m². Em eventos de grande porte, técnicos de segurança e especialistas em logística usam uma estimativa padrão de:
2 pessoas por m² (confortável)
3 a 4 pessoas por m² (alta densidade)
Mais de 5 pessoas por m² (considerado risco de esmagamento e impraticável).
Com isso, a capacidade máxima segura da praia gira entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas, considerando o público concentrado ao longo de toda a faixa de areia, o que, na prática, raramente acontece.
Copacabana Palace como marco
O icônico hotel carioca costuma ser o ponto de referência para montagem de palcos em shows de grande porte. Se a estrutura é montada ali e o público se espalha no sentido Leme–Posto 6, isso já limita a área útil à metade da praia, ou cerca de 250 mil m².
Nessa configuração, o público possível cai para algo entre: 500 mil pessoas (confortável) e 1 milhão (alta densidade). A menos que o palco fique no extremo da praia e toda a faixa seja usada como “plateia”, é fisicamente impossível atingir públicos acima de 2 milhões só na areia.
E onde estava todo mundo?
Especialistas afirmam que muitos desses números recordes incluem não só pessoas na praia, mas também moradores e turistas nas janelas, varandas e coberturas dos prédios; pessoas em ruas paralelas e calçadas; aglomerações fora do perímetro visível do palco; estimativas infladas por fontes oficiais ou produtores para gerar impacto midiático.
Ou seja!
Na prática, os dados reais são incertos porque nunca houve uma contagem oficial precisa, apenas estimativas baseadas em imagens aéreas e consumo de dados móveis.
Então, os números acima de 2 milhões devem ser encarados com ceticismo, especialmente quando o palco se encontra em posições intermediárias e a densidade populacional não ultrapassa 3 pessoas por m². A beleza da praia continua sendo um palco natural inigualável, mas é hora de separar mito e realidade nos recordes de público.
Autor(a): Eliana Lima