16 MAI 2025
A Operação Retomada, deflagrada nesta sexta-feira (16) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público da Paraíba, revelou um dos braços de um esquema nacional de fraudes bilionárias contra o INSS. Entre os alvos estão um servidor do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) e ao menos três advogados que, segundo as investigações, manipulavam decisões judiciais para facilitar roubos sistemáticos contra aposentados e pensionistas.
A quadrilha, conforme o MP, atuava principalmente na Comarca de Gurinhém, onde ingressava com ações coletivas supostamente em nome de associações de classe, muitas delas fantasmas, para suspender judicialmente descontos legítimos de empréstimos consignados. A brecha era usada para contratar novos créditos, de forma fraudulenta, sem consentimento dos beneficiários, criando dívidas artificiais e ampliando margens de consignação com documentos falsificados.
O servidor do TJPB, segundo o Gaeco, era peça-chave: usava seu acesso ao sistema para acelerar tramitações e direcionar decisões em benefício da quadrilha. Os advogados envolvidos recebiam percentuais sobre os valores liberados, construídos sobre ações forjadas com procurações inválidas, documentos adulterados e listas com assinaturas falsificadas. O prejuízo estimado ultrapassa os R$ 10 milhões apenas nessa célula do esquema.
A operação integra o mesmo eixo investigativo da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que revelou o uso de entidades fictícias para roubar diretamente da folha de pagamento de beneficiários do INSS. As associações citadas na Paraíba, como a Interativa, já aparecem em investigações em estados vizinhos como RN, PE e AL, indicando um sistema interestadual de fraude coordenada.
O TJPB autorizou os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta sexta e afirmou colaborar com as apurações. A Corregedoria também instaurou processo interno para investigar o servidor, que pode ser afastado preventivamente.
Com essa nova frente de investigação, as autoridades aprofundam o rastreamento de como estruturas do Judiciário foram corrompidas para legalizar golpes contra idosos e pessoas de baixa renda, criando uma rede que mistura advogados, servidores públicos, entidades falsas e operadores de crédito.
Autor(a): BZN