14 JUL 2025
Personagem fascinante da sociedade potiguar e carioca, Lucy Cabral viveu como poucas. Entre salões, colunas sociais e bastidores da alta sociedade, ela construiu uma trajetória marcada por elegância, generosidade e ousadia — celebrada em perfil assinado por Thiago Cavalcanti na Revista BZZZ, edição de novembro de 2013.
Filha única do empresário Luiz Curcio Cabral, Lucy brilhou desde jovem em Natal, onde foi pioneira ao dirigir um Cadillac pelas ruas da cidade e ao desfilar com bolsas Chanel, recém-compradas em Paris. Seu casamento, em 1956, com o médico e oficial da Marinha Flávio Sousa Aguiar, foi um verdadeiro acontecimento social. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela rádio Cabugi, com festa para 1.400 convidados, banquete com perus, louças de Limoges e decoração inspirada nos palácios europeus.
Um dos maiores símbolos daquele casamento foi o vestido de noiva, uma peça deslumbrante confeccionada pela famosa Maison Casa Canadá, no Rio de Janeiro. O vestido causou tanto impacto que ficou exposto por um mês na vitrine da tradicional loja Formosa Síria, no centro de Natal, como se fosse uma joia de museu. A peça era toda bordada e completava o visual da mulher que, à época, foi chamada de “Rainha da Cidade”.
Após a união, Lucy mudou-se para o Rio, onde se destacou nas rodas da elite carioca, circulando com nomes como os Guinle e os Monteiro de Carvalho, além de estreitar laços com ícones da cultura e da moda, como Jambert Garcia e Rogéria. Mais tarde, de volta a Natal, foi anfitriã de festas lendárias em sua casa na Rua Mossoró, cercada de orquestras, champanhe francês e joias cintilantes — daí o apelido que ganhou: “a mulher dos brilhantes”.
Mas havia mais que luxo: Lucy era também apoiadora da cena GLS (como era antes a sigla - Gay, Lésbicas e Simpatizantes) e uma presença constante em concursos de Miss Gay, cedendo joias e figurinos com carinho e respeito, décadas antes da palavra “inclusão” virar bandeira.
Após a morte do marido em 1987, Lucy se recolheu, trocando os salões pelo silêncio do lar. Faleceu aos 84 anos, em 17 de novembro de 2012, lúcida, elegante e lembrada com afeto. Poucos meses depois, faleceu também seu único filho homem, Luís Cabral, figura trágica e isolada, com quem Lucy dividia os últimos dias.
Hoje, a memória da “Noiva da Rua Mossoró” permanece viva não só nas histórias contadas por amigos e familiares, como o sobrinho famoso Miguel Falabella, que tantas vezes se inspirou em sua extravagância para criar personagens memorável, e a discreta filha Dalila Cabral, que carrega com naturalidade a doçura e a elegância da mãe.
Autor(a): BZN
Projeto de lei prevê passe livre interestadual para pacientes em tratamento con
14 JUL 2025