Polícia

Feminicídio em Parnamirim com garrafa de café expõe a banalização da violência contra a mulher no RN

08 SET 2025

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mais uma mulher foi brutalmente assassinada no Rio Grande do Norte. Érika Sueli dos Santos Farias, 24 anos, foi morta dentro de casa em Parnamirim. O companheiro, Franklin da Silva Martins, 38 anos, foi preso em flagrante. A vítima sofreu golpes com uma garrafa de café e teve a cabeça arremessada contra a parede.

Observem a gravidade: objeto doméstico virou instrumento de barbárie. Uma violência cruel que nos confronta com a pergunta: até onde vamos tolerar essa barbárie?

Mas a tragédia não está só na execução brutal. Está no silêncio ensurdecedor. Onde estão aquelas que sempre bradam “mexeu com uma, mexeu com todas”? Onde está a sociedade - incluindo imprensa, população e autoridades -, que se mobiliza apenas quando a vítima atrai destaque midiático, seja por ser bonita, famosa ou rica?

O corpo de Érika deixa filhas órfãs, mas não provocou indignação suficiente para mobilizar de verdade.

Os números oficiais mostram a gravidade da situação no estado: de 2019 a 2025, os feminicídios no RN tiveram o seguinte registro:

2019: 21 casos;

2020: 81;

2021: 70;

2022: 71;

2023: 63; 2024 (jan-jun): 13;

2025 (jan-jul): 10.

Além disso, apenas nos últimos anos, milhares de mulheres foram vítimas de violência doméstica e lesão corporal dolosa, e tentativas de feminicídio também cresceram expressivamente, mostrando que a violência, mesmo quando não letal, permanece intensa e crescente.

A morte de Érika é mais que um caso isolado; é um sintoma da banalização da violência contra a mulher, do apagamento social e do silêncio das autoridades.

Enquanto a indignação não for coletiva, concreta e diária, enquanto não houver reação verdadeira sem distinções de classe, beleza ou visibilidade, mais mulheres continuarão sendo assassinadas de forma cruel e covarde.

Autor(a): BZN



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