Um novo desabamento de parte da falésia na Baía dos Golfinhos, em Pipa, litoral sul do Rio Grande do Norte, voltou a acender o alerta sobre os riscos iminentes diante da ausência de medidas preventivas nas falésias da região. A ocorrência recente, embora não tenha deixado vítimas, evidencia o perigo constante para moradores e turistas, especialmente na área que é uma das mais visitadas do estado.

Até o momento, nenhuma ação emergencial visível foi adotada pelas autoridades competentes, nem há notícias sobre a adoção de medidas de contenção ou monitoramento ativo das falésias, que seguem sofrendo os efeitos da erosão natural, agravada por chuvas, marés altas e intervenção humana.

O episódio relembra a tragédia de novembro de 2020, quando o desabamento de uma falésia na mesma região matou uma família inteira: Stela Souza, Hugo Pereira o bebê Sol, de apenas seis meses, e o cachorro da família, que estavam sentados na areia, à sombra da encosta. A tragédia comoveu o país e expôs a fragilidade do cenário turístico da Praia da Pipa diante da força da natureza e da falta de infraestrutura preventiva.

Após aquele desastre, o Ministério Público Federal chegou a recomendar ações coordenadas entre município, estado e União, incluindo a instalação de sinalização adequada, obras de drenagem e monitoramento contínuo, com promessas de convênios e recursos para intervenção. No entanto, pouco foi feito de forma contínua e sistemática.

Estudos técnicos já apontaram que diversas áreas de Pipa apresentam alto risco geológico, incluindo a Praia das Minas, o Chapadão e a própria Baía dos Golfinhos. As falésias, por sua natureza sedimentar e instável, cedem com facilidade quando submetidas à infiltração de água ou à pressão da movimentação sobre elas.

Enquanto isso, o cenário se repete: mais um desabamento, mais um alerta ignorado.

Alguém vai agir antes da próxima tragédia?

Autor(a): BZN