A sexta-feira (9) amanheceu com uma cena inusitada no Forte dos Reis Magos, em Natal, com um carro suspenso.

O carro, modelo Fiat Strada, placa SYO6A80, alugado por dois turistas paulistas, caiu de bico ao tentar atravessar a passarela de acesso à Fortaleza, nesta madrugada. O veículo ultrapassou o trecho onde termina a pavimentação e despencou em área de maré. Ninguém ficou ferido, mas a retirada foi dificultada pela subida da água.

O caso chamou atenção não apenas pelo inusitado da cena, mas pelo retrato do abandono da principal construção histórica da cidade. A passarela, única via de acesso ao forte, não conta com qualquer tipo de barreira, sinalização ou segurança que impeça a entrada de veículos, o que facilitou o acesso indevido do carro.

A responsabilidade pelo monumento é da Fundação José Augusto (FJA), ligada ao governo estadual, que há anos negligencia a conservação e valorização do Forte, símbolo do nascimento de Natal no fim do século 16. Desde o episódio de 7 de setembro de 2023, quando a estrutura amanheceu pichada com frases como “Não ao PL 2903” e “Aqui é terra indígena”, nada foi efetivamente feito. O governo prometeu investigações e providências, a Polícia Civil anunciou apuração, mas tudo terminou em silêncio e impunidade, uma marca da gestão que faz da cultura apenas palco de eventos para os amigos.

A ausência de cuidado com o Forte dos Reis Magos é mais que desleixo: é desrespeito com a história do Rio Grande do Norte e sua identidade. Em vez de preservação, temos abandono financiado por impostos. E quando há gasto, frequentemente é compulsório, para pagar os custos de algo que parece beneficiar poucos.

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Autor(a): BZN