30 JUN 2025
O presidente Lula da Silva (PT) tem enfrentado um cenário de perda de prestígio no exterior e queda de aprovação dentro do Brasil, segundo análise publicada nesse domingo (29) pela revista britânica The Economist.
Em contraste com a edição de 2021, quando o veículo estampou o Cristo Redentor em estado crítico com o título “A década sombria do Brasil”, defendendo que só Lula poderia evitar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), a revista agora adota um tom mais crítico. Segundo o texto, o otimismo com o retorno do petista ao Planalto perdeu força.
A publicação cita a possibilidade de prisão de Bolsonaro, investigado por suposta tentativa de golpe de Estado, mas observa que o ex-presidente ainda mantém força política. “Ele [Bolsonaro] ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles”, afirmou a revista.
Internamente, o texto destaca a fragilidade de Lula diante do Congresso, mencionando a recente derrubada do decreto que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Foi a primeira vez em três décadas que o Legislativo revogou um decreto presidencial com efeito tributário, sinalizando, segundo a análise, a perda de poder do presidente no cenário político nacional.
No campo internacional, o The Economist avalia que o Brasil está isolado tanto de países vizinhos quanto das potências ocidentais. O texto ressalta o distanciamento entre Lula e o presidente da Argentina, Javier Milei, e a falta de aproximação com os Estados Unidos desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
Além disso, a publicação critica o alinhamento crescente do Brasil com a China e a Rússia. Às vésperas da Cúpula dos Brics, o veículo aponta que a participação brasileira, antes vista como estratégica, agora expõe o país a uma imagem de antagonismo com o Ocidente. “Originalmente, ser um membro ofereceu ao Brasil uma plataforma para exercer influência global. Agora, faz o Brasil parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”, disse o texto.
A análise observa ainda que Lula tem dificuldade em liderar uma articulação regional frente a temas sensíveis, como deportações de migrantes e disputas comerciais com os EUA. O silêncio de Trump em relação ao Brasil, segundo o texto, pode refletir tanto a vantagem americana na balança comercial quanto a irrelevância geopolítica do país em questões como a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio. “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, concluiu a reportagem.
Autor(a): BZN