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PF aponta que esquema de corrupção em São Bernardo do Campo custeou viagem aos EUA e faculdade de filha de prefeito

14 AGO 2025

Foto: Polícia Federal

O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo de Lima Fernandes (Podemos), foi afastado do cargo nesta quinta-feira (14) após ser alvo de operação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MPSP). As investigações apontam supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo um intermediário com o aval do chefe do Executivo.

Segundo decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, o operador seria Paulo Iran Costa, apontado como peça central do esquema. Ele passou a ser investigado após a PF encontrar R$ 14 milhões em espécie em seu apartamento, em julho deste ano.

De acordo com a apuração, Paulo Iran atuava como arrecadador e distribuidor de propinas, recebendo valores de pelo menos 12 empresas contratadas pela Prefeitura e pela Fundação ABC. A propina, segundo a investigação, era fixada em 8% do valor dos contratos.

Mensagens obtidas pelos investigadores mostram pedidos de pagamentos e comprovantes bancários trocados entre o prefeito e o operador. Em um diálogo, Marcelo pede: “Mande 5 para Zana”, em referência à esposa, Rosangela dos Santos Lima Fernandes.

Os promotores Sérgio Turra Sobrane e Márcio Augusto Friggi de Carvalho afirmam que despesas pessoais do prefeito e de familiares eram pagas pelo operador, incluindo passagens aéreas, serviços de personal trainer, boletos de faculdade e contas de consumo. Entre os pagamentos identificados estão faturas de cartão de crédito do prefeito, conta telefônica da primeira-dama e mensalidades da faculdade de medicina da filha do casal, Gabriele dos Santos Lima Fernandes.

A investigação ainda aponta um pagamento de R$ 19.182,14 a título de “Pix Passagens” para uma companhia aérea dos Estados Unidos, referente a uma viagem da primeira-dama, em 30 de junho, de Washington (EUA) para Guarulhos (SP). Documentos apreendidos indicam anotações de caixa clandestino com códigos para ocultar nomes, como “Bibi” para se referir à filha do prefeito, e o termo “americano” para indicar valores em dólares.

Segundo a PF, 25 depósitos de R$ 2 mil foram feitos de forma fracionada para tentar burlar o controle do Coaf. Os recursos teriam origem em contratos milionários de áreas como saúde e coleta de lixo.

Autor(a): BZN



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