Cultura

Nova leitura científica da Carta de Caminha sugere localização inédita para o Monte Pascoal e o porto seguro da frota de Cabral

15 SET 2025

Estudo publicado no The Journal of Navigation traz nova abordagem sobre a famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento que registrou o “descobrimento” do Brasil.

Os pesquisadores Carlos Chesman e Cláudio B.S. Furtado analisaram os dados científicos contidos no relato e propõem uma nova interpretação sobre a localização do Monte Pascoal e do porto seguro onde a frota de Pedro Álvares Cabral aportou na Bahia.

Tradicionalmente vista como um relato histórico e antropológico, a carta é agora examinada sob uma lente científica. Caminha anotou detalhes precisos sobre distâncias percorridas, datas, características geográficas, fauna, flora, população indígena e profundidades costeiras, informações que, quando combinadas, permitem uma análise mais rigorosa da navegação portuguesa.

Um ponto central do estudo é a influência da Força de Coriolis, fenômeno físico que atua sobre corpos em movimento em um sistema rotativo, como a Terra. Essa força afetava correntes oceânicas e ventos, elementos determinantes para as embarcações a vela do século XV. Ao cruzar os dados da carta com esse conhecimento, os pesquisadores sugerem novas coordenadas para o Monte Pascoal e para o porto seguro, potencialmente redefinindo a compreensão sobre os primeiros momentos da presença portuguesa no Brasil.

O estudo se alinha com as pesquisas do historiador e engenheiro potiguar Manoel Cavalcanti Neto, que vem revelando minuciosas investigações na Revista BZZZ.

Na edição atualmente nas bancas, Manoel Neto dedica atenção especial à Carta de Caminha. Atenta-se a detalhes precisos de navegação, geografia e rituais de posse, e indica que muitas traduções modernas distorcem seu conteúdo original por alterações de pontuação e interpretações literais.

Ao analisar o texto em português arcaico, Manoel Neto identifica que Caminha registrou com exatidão o “pouso seguro” e a instalação de marcos de posse (cruzes de pedra ou madeira), mostrando que a carta é um documento científico e administrativo, cujos dados históricos foram muitas vezes ignorados ou mal interpretados pela historiografia oficial.


Autor(a): BZN



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