Política

Ministro da CGU é dono do escritório que advoga para a Odebrecht

15 ABR 2024

Foto: Estadão

A revelação do Estadão, nesta segunda (15), fez-me lembra o poema Quadrilha, de Drummond: 


João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.


João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.


Pois bem


Mas isso é outra coisa.


O frisson do momento é a revelação do jornal de que o ministro Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria Geral da União (CGU), que está negociando com o governo, que é representado na mesa de negociação pelo ministro e seus assessores. 


A matéria, assinada pelo repórter Tácio Lorran, descortina que o escritório de advocacia de ministro Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria Geral da União (CGU), que ele montou em 2017, hoje comandado por sua esposa, “tem contrato com a Odebrecht -- ao mesmo tempo em que a CGU renegocia os acordos de leniência firmados no âmbito da Operação Lava Jato”.


Segundo Lorran, o “ministro nega participação em decisões que possam implicar conflito de interesse, e empreiteira diz que serviços são exclusivos para atuação no Cade”.


Detalha o repórter:


- Batizado de VMCA Advogados, o escritório foi fundado em 2017 e hoje é comandado pela esposa de Vinícius, a advogada Marcela Mattiuzzo. Tem uma carteira com mais de 130 clientes e atuação principal no Cade. O ministro está licenciado da banca desde que assumiu a CGU.


O VMCA presta serviços para a Odebrecht há pelo menos 6 anos. O Estadão teve acesso a seis procurações assinadas entre jul/2018 e abr/2021 pela construtora em favor do escritório. Apesar da renúncia de Vinícius, a banca segue atuando normalmente.


Enquanto isso, neste ano:


1. O ministro da CGU já sentou na mesa com a Odebrecht para rediscutir os acordos de leniência


2. Vinícius tem dado declarações dizendo que os acordos não podem prejudicar as empresas financeiramente, argumento que favorece a defesa das companhias


Procurado, Vinícius negou atuar em situações que configurem conflito de interesse (apesar de ter participado de uma reunião com o cliente de seu escritório -- Aka Odebrecht -- para redescutir o acordo de leniência e desejar sucesso na negociação).




Autor(a): BZN



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