13 JUN 2025
A revista VEJA revelou, em reportagem de capa publicada nesta sexta-feira (13), que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mentiu em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a publicação, mensagens obtidas com exclusividade comprovam que Cid omitiu informações relevantes e apresentou versões contraditórias sobre conversas comprometedoras mantidas em uma rede social.
De acordo com a reportagem, Cid utilizou um perfil no Instagram, identificado como @gabrielar702, para comentar o conteúdo de sua delação premiada, o que era proibido pelas regras do acordo firmado com a Polícia Federal. Os registros indicam que, mesmo colaborando formalmente com as investigações, ele mantinha contatos com interlocutores próximos nos quais apresentava uma versão diferente dos fatos.
As mensagens revelam que o militar fazia críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos no STF, e demonstrava insatisfação com os rumos do processo. Em público, entretanto, adotava um discurso de colaboração e arrependimento. Essa estratégia de “jogo duplo” contraria frontalmente as exigências legais para beneficiários de acordos de colaboração premiada.
Em seus depoimentos ao Supremo, Cid alegou não se lembrar de detalhes ou minimizou o conteúdo das conversas. A VEJA aponta que as provas obtidas demonstram que ele mentiu conscientemente, o que pode levar à anulação de seu acordo de delação, caso o STF entenda que houve má-fé ou descumprimento dos termos.
Mauro Cid tornou-se peça central nas investigações que apuram os bastidores da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, além de sua suposta participação em fraudes relacionadas a cartões de vacinação e à venda de joias do acervo presidencial. Sua delação, homologada pelo STF, foi considerada um avanço importante nas investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu entorno.
Com a revelação, cresce a pressão sobre o Supremo e a Procuradoria-Geral da República para reavaliar os benefícios concedidos ao militar. Caso o acordo seja revogado, Cid poderá ser processado em sua integralidade, sem os atenuantes previstos na colaboração.
Até o momento, a defesa de Mauro Cid não se pronunciou sobre o conteúdo da reportagem.
Autor(a): BZN