26 JUN 2025
O líder norte-coreano Kim Jong-un realizou nesta semana uma visita à recém-concluída estância balnear Wonsan-Kalma, na costa leste da Coreia do Norte, em um raro momento que combinou lazer, propaganda e estratégia econômica. Acompanhado da esposa Ri Sol-ju e da filha Kim Ju-ae, o dirigente inspecionou as instalações do complexo turístico de luxo, promovido pela imprensa estatal como “um dos maiores feitos do país neste ano”.
Com uma extensão que pode ultrapassar 600 hectares, o resort oferece dezenas de hotéis, parque aquático, restaurantes e instalações esportivas, todos voltados para um turismo de alto padrão. A expectativa, segundo fontes oficiais, é que a estrutura receba até 20 mil visitantes por ano após sua inauguração oficial, prevista para julho de 2025.
O projeto, iniciado há quase uma década, enfrentou atrasos devido a sanções internacionais, dificuldades financeiras e a pandemia de covid-19. Ainda assim, o regime o considera peça-chave para impulsionar o turismo doméstico e, de forma controlada, internacional.
Vitrine isolada?
A visita do líder ao complexo balnear reacende uma pergunta antiga: estaria Kim Jong-un preparando terreno para uma tímida abertura ao turismo estrangeiro? A presença da filha e da esposa, cuidadosamente divulgada pela mídia estatal, também reforça a construção de uma imagem familiar moderna, um possível esforço para suavizar a imagem de um dos regimes mais fechados e militarizados do mundo.
Embora o governo norte-coreano tenha sinalizado interesse em receber turistas de países aliados, como China e Rússia, não há qualquer previsão de abertura ampla ao Ocidente. Mais ainda, persistem denúncias sobre uso de trabalho forçado nas obras e a impossibilidade de circulação livre dentro do país, o que coloca em dúvida o real potencial de atração turística internacional.
Turismo como ferramenta política
Ao transformar um antigo campo de testes de mísseis em destino turístico, Kim parece buscar mais do que visitantes: trata-se de uma estratégia de soft power e propaganda interna. O resort é apresentado como símbolo de prosperidade, eficiência e normalidade, mesmo num país sob duras sanções da ONU e enfrentando crescente isolamento diplomático.
Autor(a): BZN