24 MAI 2025
A edição da Revista BZZZ de agosto de 2015 traz a muito bacana matéria sobre o Hippie Drive-In, um empreendimento que marcou época em meio à efervescência do movimento de contracultura dos anos 60 e em uma Natal ainda conservadora. Era um oásis de vanguarda e alternativa, idealizado pelo empresário Luiz Carlos Abbott Galvão. Inaugurado em 1967, o complexo rapidamente se tornou o ponto de encontro da juventude que buscava romper com os padrões tradicionais da época.
Localizado na então remota Av. Eng. Roberto Freire, onde hoje se encontra o Shopping Seaway, o acesso era desafiador. A estrada para a Praia de Ponta Negra ainda era de barro e a iluminação, precária. Muitos consideraram Galvão “louco” por investir em um local tão distante, inspirado por um empreendimento similar que conheceu no México.
Apesar do pessimismo inicial, o Hippie Drive-In foi um sucesso estrondoso. O complexo oferecia uma mistura inusitada de atrações em seus 40 mil metros quadrados: parque de diversões, zoológico, restaurante, quiosques e boates. Notavelmente, foi palco da primeira boate com luz negra da capital-potengi.
O “drive-in” era uma atração à parte: sem tela de cinema, o espaço era dedicado ao namoro dentro dos carros, proporcionando um ambiente íntimo e ousado para a época. A atmosfera era psicodélica, inspirada no movimento “Flower Power” californiano, contrastando fortemente com os clubes sociais tradicionais da cidade, como América, ABC, Assen e Aeroclube.
O Hippie Drive-In era o refúgio da juventude que curtia Beatles e Rolling Stones, embalada por bandas locais de rock como “Os Infernais”, que tocou na noite de inauguração. O cardápio também refletia a ousadia do local, oferecendo itens sofisticados como caviar, escargot, saquê, tequila e cervejas importadas, com coquetéis criados por um maître vindo do Rio de Janeiro.
Entre as curiosidades, destacam-se os brindes distribuídos aos clientes, como pires com a inscrição “roubei do Hippie Drive-In”, pintados pela artista Lourdes Guilherme. A Kombi colorida do estabelecimento transportava as bandas. O local também foi palco de brigas entre rapazes locais e cadetes da Aeronáutica, do roubo de um pavão do zoológico e das corridas improvisadas no “barródromo” em frente, onde playboys faziam manobras na estrada de terra.
Após sete anos marcando uma geração e quebrando paradigmas culturais em Natal, o Hippie Drive-In fechou suas portas em 1974. Luiz Carlos Abbott Galvão decidiu focar em seu outro empreendimento, o bar Kazarão. Contudo, o Hippie Drive-In permaneceu na memória afetiva da cidade como um símbolo único e intenso de liberdade, rock and roll e da contracultura que ousou florescer em solo potiguar.
A matéria completa está disponível no link.
Autor(a): BZN