A grande festa de reabertura do Palácio Gustavo Capanema, terça-feira (20), no Rio de Janeiro, acabou marcado menos pelo resgate histórico do edifício modernista e mais por autopromoção política e exclusão dos verdadeiros protagonistas. A ausência das famílias de Gustavo Capanema, ex-ministro e patrono do palácio, e de Oscar Niemeyer, um dos arquitetos do projeto, causa.

Gustavo Capanema Neto, administrador de empresas e neto do ex-ministro, afirmou à coluna de Lu Lacerda, na Veja, que a família não foi convidada para a cerimônia. Indignado, apontou que, ao contrário, “os Niemeyer estão sempre presentes”.

A resposta veio de Kadu Niemeyer, representante do espólio e neto de Oscar Niemeyer: “Ao contrário do que disse Gustavo, a família de Oscar Niemeyer também não foi convidada. Enquanto muitos outros, que nada tinham a ver com o evento, lá estavam para fazer selfies e postagens nas redes sociais, também fomos ignorados”.

Acrescentou: “Sabemos dos laços de amizade e gratidão que unia meu avô ao ministro Gustavo Capanema. Dividimos a mesma indignação dos Capanema para esse acontecimento histórico”.

Enquanto isso, o protagonismo foi dado à primeira-dama Janja da Silva, que recebeu a Ordem do Mérito Cultural, em gesto simbólico liderado pelo marido-presidente, um romântico ato personalista, enquanto descendentes dos nomes centrais à história do palácio ficaram de fora.

A coluna de Lu Lacerda foi direta nos questionamentos: “Quem fica à frente desses eventos do Governo Federal? Quem organiza? Quem assessora? Cadê o cerimonial? Cadê a diplomacia? O protocolo? Só pensam em convidados-tendência?”.

Pois é!

Nem vá dizer que eventos culturais estão sendo instrumentalizados para agradar círculos próximos ao poder, em detrimento do respeito à memória histórica e institucional. Oquei?!

O importante da cultura se transformou em gentilezas amigas, não dever institucional.

Autor(a): BZN