26 JUN 2025
A Espanha confirmou mais de 100 casos de um tipo raro de câncer relacionado a implantes mamários. Trata-se do Linfoma Anaplásico de Células Grandes associado ao Implante Mamário (BIA-ALCL), uma forma incomum de linfoma não Hodgkin que costuma se manifestar por meio de inchaço persistente, dor ou nódulo na mama.
Segundo dados divulgados pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde (AEMPS), já são 94 casos confirmados e outros 35 em investigação, de um total de 129 notificações recebidas até 2023. Quatro mortes foram associadas à doença no país.
Embora ainda não se saiba com exatidão como se dá a ligação entre o BIA-ALCL e os implantes, os especialistas apontam que a maioria dos casos está relacionada a próteses com superfície texturizada, mais propensas à formação de inflamações crônicas e biofilmes bacterianos.
Entre os casos espanhóis, 40 pacientes colocaram implantes por razões estéticas e 22 fizeram reconstrução mamária após o tratamento de câncer. O tempo médio entre a cirurgia e o aparecimento dos sintomas gira em torno de 10 anos.
Apesar da gravidade, o curso clínico costuma ser favorável quando a doença é detectada precocemente. O tratamento recomendado inclui a retirada do implante e da cápsula ao redor da prótese, o que na maioria das vezes é suficiente para a cura.
A AEMPS recomenda que mulheres com próteses mamárias, especialmente as texturizadas, fiquem atentas a alterações nas mamas e realizem exames periódicos a partir do quinto ano após a cirurgia.
No Brasil, onde se realizam cerca de 145 mil implantes mamários por ano, as autoridades de saúde ainda não divulgaram dados específicos, mas especialistas alertam para a possibilidade de subnotificação.
“É importante que as pacientes saibam que o risco existe, mas é raro. A vigilância clínica e o diagnóstico precoce fazem toda a diferença no prognóstico”, afirma o mastologista Rafael Moreira.
Desde 2019, algumas marcas de implantes texturizados foram retiradas do mercado em diversos países, incluindo os modelos da fabricante Allergan. Ainda assim, muitas mulheres seguem com próteses desse tipo e devem ser monitoradas de perto por seus médicos.
Autor(a): BZN