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Cruz em chamas: superação, fé ou ódio? A diferença de tamanho da cruz queimada na religião e pelo KKK

17 ABR 2025

Foto: Reprodução vídeo

Um vídeo que mostra uma cruz em chamas durante o encerramento de um treinamento do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em São Paulo, na noite de terça-feira (15), chamou atenção nessa quarta (16). O Baep postou o vídeo nas redes sociais. Se fosse intenção do mal, a PM publicaria? Diante da repercussão negativa, o vídeo foi retirado do ar. Mas já gravado por internautas, repercute.

A imagem logo foi associada ao símbolo usado pela Ku Klux Klan (KKK), grupo supremacista branco conhecido mundialmente por atos de ódio racial e violência, e até mesmo ao nazismo. No entanto, a imprensa tem se dividido ao falar da imagem, sem ter cuidado em verificar as diferenças fundamentais entre os símbolos. A queima de cruzes é, na verdade, um ritual utilizado pela KKK com cruzes de grandes dimensões e conotação intimidadora, algo que não se aplica ao ritual realizado pelos policiais, no qual a cruz é de porte menor e com um significado simbólico de superação.

Em nota, o comandante Costa Júnior explicou que a cruz queimada foi utilizada como parte de um ritual simbólico, para marcar “a superação dos limites físicos e psicológicos” enfrentados pelos policiais ao longo da instrução, sem qualquer conotação ideológica.

A cena, porém, levantou questionamentos pelo peso simbólico que a cruz em chamas carrega em diferentes contextos. Na tradição cristã — sobretudo durante a Semana Santa — a cruz pode ser queimada em pequenos rituais como sinal de purificação, arrependimento e da vitória de Cristo sobre a morte, em cerimônias controladas e de caráter espiritual.

Já no caso da KKK, a cruz em chamas é um ato de intimidação, um marco do ódio. Além do significado, o próprio porte é diferente: enquanto nas tradições cristãs a cruz costuma ser menor e o fogo tem tom simbólico e de esperança, no caso da KKK a cruz é construída em grande escala, com até seis metros de altura, e o fogo é propositalmente violento, pensado para causar medo, pânico e afirmar dominação.

Diante da repercussão e da polêmica gerada nas redes sociais, o Ministério Público informou que vai apurar o caso, ouvir os responsáveis e esclarecer o contexto da cena que dividiu opiniões.

Autor(a): BZN



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