25 MAI 2025
O ano era 1876. Eis que a renomada Maison Louis Roederer recebe uma encomenda incomum, de ninguém menos que o czar Alexandre II. A exigência era criar um champagne exclusivo para a corte russa, com dois aspectos singulares: que a garrafa fosse de cristal transparente, por medo de envenenamento, e que ostentasse o brasão imperial russo.
Nascia ali o Cristal, um dos rótulos mais icônicos da história do champagne, produzido durante quase meio século exclusivamente para a nobreza russa. Foram necessários quase cinquenta anos para que a bebida cruzasse as fronteiras da Rússia e começasse a ser vendida ao resto do mundo, já em 1924.
Hoje, o Cristal segue com a mesma garrafa transparente, o mesmo brasão, e status de símbolo máximo de sofisticação, com valores que ultrapassam R$ 10 mil, em breve pesquisa nas páginas de importadoras brasileiras.
E a relação histórica da Rússia com o champagne voltou ao centro das atenções: em 2021, Vladimir Putin decidiu que só espumantes russos poderiam usar o nome “champagne” no país, numa afronta direta à tradição francesa.
Com o atual isolamento da Rússia no cenário global, resta à Maison Roederer decidir como lidar com a simbologia de seu rótulo mais celebrado, criado para um império que já não existe, mas que ainda desperta fascínio, e incômodo, mundo afora.
Autor(a): BZN